SÉRIE “PONTE NOVA: 150 ANOS” – Nº 4
O ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL DE PONTE NOVA:
GUARDIÃO
DA MEMÓRIA
A qualidade de suas folhas não é boa.
Trata-se de papel produzido à base de pasta de celulose, nova técnica usada
pela indústria da época para acelerar o processo de fabricação do papel,
diferente dos papéis do século XVIII, que eram produzidos a partir de tecido
velho, por isso era chamado “papel de trapo”, um papel sem acidez, composto de
fibras longas de algodão, o que lhe conferia resistência e durabilidade. Já os
papéis fabricados a partir da pasta de celulose, naquela época, eram de baixa
qualidade pelo excesso de acidez e pelas fibras curtas, portanto, de pouca
durabilidade. E é o que se percebe no primeiro livro da Câmara. Com seus 153
anos de uso, suas folhas já estão acidificadas e quebradiças, portanto precisam
ser protegidas para que sobrevivam pelos próximos 153 anos.
Talvez ele seja um dos poucos, ou mesmo,
o único testemunho ainda vivo daquele glorioso dia, o dia em que o povoado de
Ponte Nova conquistou sua autonomia política e administrativa.
Foi este um fato de grande importância
para os moradores de toda a região, pois, com isso, muitas de suas demandas
poderiam ser encaminhadas e resolvidas aqui mesmo, sem ter que recorrer à
cidade de Mariana, da qual a freguesia de Ponte Nova fazia parte.
Era meio dia quando teve início a Sessão da
Câmara para instalação da nova vila e município e dar posse aos vereadores
eleitos. A casa para seu funcionamento foi doada por Antônio Ildefonso Martins
da Silva, sendo concluída e mobiliada pelos próprios moradores de Ponte Nova. É
interessante ver que a casa da Câmara servia também de Cadeia e Tribunal do Júri.
Como presidente da nova Câmara, assumiu
o vereador mais votado, capitão
Manoel Francisco de Souza e Silva, juntamente com os demais vereadores eleitos:
major Miguel Martins Chaves, capitão Antônio Justiniano Gonçalves Fontes, capitão
Joaquim Rodrigues Milagres, capitão Luís José Pinto Coelho da Cunha, capitão
Antônio Carlos Correa Mayrink e Sebastião José do Monte.
Terminada
a sessão de posse, o presidente determinou que todos os atos e documentos
fossem arquivados para serem conservados. Podemos ousar dizer que o Arquivo
Público Municipal de Ponte Nova nascia naquele momento. Isto, porque é consenso
entre os arquivistas e a própria legislação em vigor que arquivo é um conjunto
de documentos produzidos e recebidos por uma instituição ou pessoa no exercício
de suas funções, e não apenas uma instituição que conserva documentos.
José Geraldo Begname
Esp. Historiador/Restaurador
Chefe do Arquivo Público Municipal de
Ponte Nova
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