SÉRIE “PONTE NOVA: 150 ANOS” – Nº 4
O ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL DE PONTE NOVA:
GUARDIÃO
DA MEMÓRIA
No dia 26 de
abril próximo, ele completará 153 anos. Certamente é mais antigo que isto, pois
suas folhas tiveram de ser confeccionadas, pautadas, numeradas e encadernadas
em formato de livro com capa de couro. Naquela época, já se produzia este tipo
de artigo aqui no Brasil, mas, em tempos anteriores, teria de ser adquirido da
Europa, pois, na época colonial, não produzíamos artigos dessa natureza. A
indústria gráfica só chegou ao Brasil em 1808, junto com a Família Real. Já a
produção de papel só começou em 1809. Assim, podemos afirmar que nosso ilustre
aniversariante é brasileiro, produzido integralmente no Brasil.
A qualidade de suas folhas não é boa.
Trata-se de papel produzido à base de pasta de celulose, nova técnica usada
pela indústria da época para acelerar o processo de fabricação do papel,
diferente dos papéis do século XVIII, que eram produzidos a partir de tecido
velho, por isso era chamado “papel de trapo”, um papel sem acidez, composto de
fibras longas de algodão, o que lhe conferia resistência e durabilidade. Já os
papéis fabricados a partir da pasta de celulose, naquela época, eram de baixa
qualidade pelo excesso de acidez e pelas fibras curtas, portanto, de pouca
durabilidade. E é o que se percebe no primeiro livro da Câmara. Com seus 153
anos de uso, suas folhas já estão acidificadas e quebradiças, portanto precisam
ser protegidas para que sobrevivam pelos próximos 153 anos.
Talvez ele seja um dos poucos, ou mesmo,
o único testemunho ainda vivo daquele glorioso dia, o dia em que o povoado de
Ponte Nova conquistou sua autonomia política e administrativa.
Foi este um fato de grande importância
para os moradores de toda a região, pois, com isso, muitas de suas demandas
poderiam ser encaminhadas e resolvidas aqui mesmo, sem ter que recorrer à
cidade de Mariana, da qual a freguesia de Ponte Nova fazia parte.
Era meio dia quando teve início a Sessão da
Câmara para instalação da nova vila e município e dar posse aos vereadores
eleitos. A casa para seu funcionamento foi doada por Antônio Ildefonso Martins
da Silva, sendo concluída e mobiliada pelos próprios moradores de Ponte Nova. É
interessante ver que a casa da Câmara servia também de Cadeia e Tribunal do Júri.
Como presidente da nova Câmara, assumiu
o vereador mais votado, capitão
Manoel Francisco de Souza e Silva, juntamente com os demais vereadores eleitos:
major Miguel Martins Chaves, capitão Antônio Justiniano Gonçalves Fontes, capitão
Joaquim Rodrigues Milagres, capitão Luís José Pinto Coelho da Cunha, capitão
Antônio Carlos Correa Mayrink e Sebastião José do Monte.
Terminada
a sessão de posse, o presidente determinou que todos os atos e documentos
fossem arquivados para serem conservados. Podemos ousar dizer que o Arquivo
Público Municipal de Ponte Nova nascia naquele momento. Isto, porque é consenso
entre os arquivistas e a própria legislação em vigor que arquivo é um conjunto
de documentos produzidos e recebidos por uma instituição ou pessoa no exercício
de suas funções, e não apenas uma instituição que conserva documentos.
José Geraldo Begname
Esp. Historiador/Restaurador
Chefe do Arquivo Público Municipal de
Ponte Nova
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